segunda-feira, 30 de julho de 2018

Parte 2 - Novos clássicos para novos patamares



Prato do dia: carros japoneses

Se você acompanhou nosso artigo anterior e leu sobre nossas lasanhas automotivas mais interessantes para quem tem menos poder de fogo, acredito que já entendeu o princípio por detrás da alta valorização de carros não necessariamente antigos (com mais de 20 anos), mas que tem criado a cada dia novos fãs. Se ainda não entendeu, sem problemas, eu explico: 

Em síntese, não tem que ser antigo para valorizar. Tem que ser difícil de achar um BOM exemplar.

Megane Sedan 2001: em alta
Daí o caso de carros como o Renault Megane Sedan (1998-2002) ou os Fiat Marea (1998-2007) estarem valorizando: não são tão antigos, mas a maioria acaba desmontada, seja por documentação ruim (ou dono ruim), ou mesmo para aproveitamento de peças; e é cada vez mais difícil achar um exemplar em excelentes condições, sem gambiarras e com tudo funcionando. 

Mas eles existem e, se você procurar, ainda pode encontrar ótimos exemplares por preços bem apetitosos, pois se tratam de modelos que ainda estão se firmando devagar no mercado de clássicos.

Em especial se você levar em conta o fator principal, o POTENCIAL de cada exemplar, pode fazer ótimos negócios e se descobrir fã inveterado de determinada marca ou mesmo de um modelo específico, ao ser surpreendido por um bom importado. E acredite, você será! 

Essa é melhor parte dos chamados ''novos clássicos''! Para facilitar, vamos considerar neste artigo inicialmente alguns modelos japoneses, dado a alta confiabilidade que apresentam em nosso mercado, e manteremos um valor próximo de 15 mil reais para a compra de seu próximo Sushi automotivo.


Minha escolha por esse valor específico é simples: 15 mil reais é um valor acessível para a maioria da população, inclusive pra quem nem é apaixonado por carros, mas que quer ''algo mais'' quando se decide pela compra de um. Além disso, pode-se encontrar a maioria dos carros citados neste artigo em lojas, com opção de financiamento ou mesmo compra via cartão de crédito. Não se consegue isso com um clássico já consagrado dos anos 70 ou com os Opala dos anos 90...

Quer você disponha de menos que isso ou até de um pouquinho mais, o fato é que aqui a coisa fica bem interessante! Explica-se: muitos carros que chegaram aqui importados, alguns até do segmento de luxo, (as JACAS dos anos 1990) já estão dentro da nossa faixa ou pouco acima e valorizando, devagar e gradativamente, ou absurdamente rápido. E o melhor: se ainda não são, logo serão raros, o que faz os preços aumentarem.

Mas lembre-se: a palavra chave nesses casos é POTENCIAL.

Por isso os modelos que analisamos demonstram um enorme potencial, exatamente por estarem sumindo do mercado e por isso se tornando... carros raros! 

Mais uma vez, CAUTELA: não se iluda! Não pense em comprar só para revender mais caro ou vender rápido pois carro clássico, seja de que ano for, é para quem GOSTA e ENTENDE, não para manjadores de grupos do Facebook que só tem interesse em temas como ‘’quantos km faz por litro’’, kit gás, vapor de gasolina, carro movido a água e outras baboseiras.

Obviamente, nosso foco nos japoneses não será no lendário Acura/NSX, nem Toyota Supra ou Mitsubishi 3000 GT anos 1990, muita calma nessa hora! Nem levaremos em conta carros com documentação a fazer ou com reparos como batidas e problemas mecânicos ou pior, elétricos. Nesse artigo, como no anterior, vamos tratar apenas de modelos em estado realmente impecável, guarde bem isso, unidades 'acima da média' quanto a estado de conservação, para comprar e curtir sem problemas.

Tem  manutenção cara! Não tem peça!

Seu medo é manutenção? Peças não são problema, pois se a internet matou o mercado de antigos, por outro lado facilitou e muito a aquisição de peças usadas baratas para importados, especialmente se você não se importar se alguém teve que morrer para você receber em casa sua peça usada baratinha pela internet. 

Mas se você quer qualidade e preço justo, peças novas para os carros analisados são facilmente encontradas por preços bastante acessíveis, muitas vezes bem mais em conta que peças similares para carros nacionais, ou mesmo para pseudo populares. 

Entretanto, verdade seja dita: em alguns casos, seu maior problema será com mão de obra. Não porque não tenhamos profissionais qualificados, temos sim!  Mas qualificação exige investimento, e mexer num carro repleto de ítens eletrônicos, com sensores e mangueiras não é o mesmo que mexer num Gol ou Chevette de 10 mil reais. Dá trabalho, é estressante e sim, é difícil! 

Quase tão ruim ou até pior de trabalhar quanto um carro de luxo novo nacional, portanto em alguns casos isolados o custo de mão de obra será similar ao de um carro novo. Mas o preço que você paga por um carro top de linha desses que vamos analisar compensa e muito. Não acha justo pagar mais caro pela mão de obra? Faça você mesmo e veja como se sai! 

Carro bom é só Honda e Toyota!

Será? Sejamos honestos: antes de comprar seu raríssimo Sushi que ninguém nunca ouviu falar e acabar com uma imensa indigestão apenas ''porquê é raro'', tente considerar outras opções mais viáveis. Se você gosta de determinada marca, procure modelos dessa marca além daquele manjado que todo mundo tem. Vamos exemplificar: gosta dos Honda? 

Então esqueça os Civic... 

Já estão supervalorizados e dificilmente você vai encontrar um com preço justo pelo estado do carro.  

Accord EX-R 2.3 16V: surpreendente
Se sua paixão pelos Honda é graças ao motor VTEC, talvez possa considerar o ótimo Honda Accord, principalmente a maravilhosa primeira geração do sedan, e da perua, a desembarcar por aqui, entre 1991 e 1993.

Além do porte e conforto muito superior ao Civic, o Accord ainda te oferece um VTEC 2.2 16V sem a famigerada falta de torque dos Civic, podendo inclusive optar pela versão top de linha, a EX-R, com o excelente VTEC 2.3 16V, mais interessante e melhor acabada. Preço? Unidades impecáveis são encontradas com alguma facilidade em torno de 12 mil reais, mesmo as mais novas, como o modelo 1997.  As peruas são ainda mais baratas. 

Quanto a cores, as mais procuradas na primeira geração (1991-1993) são o champanhe metálico com interior vinho, a preta com interior creme e a branca com interior azul marinho. Mas as demais não perdem quase nada em valor.  

Toyota é melhor que Honda para você? As melhores séries do Corolla (1992-1997) ainda são facilmente encontradas em estado impecável dentro do nosso ''limite'' de 15 mil, embora já estejam começando a valorizar, mas ainda longe do patamar absurdo de preços do Honda Civic. 

Corolla 1998: raro e ainda muito barato
Uma dica: se você não abre mão do Corolla busque pelo modelo 1998, de design único pois mudou apenas para aquele ano e já é considerado o mais raro, portanto com bom potencial. 

A perua é ainda mais rara, pois veio para cá em menor número. Para 1998, a cor mais procurada no sedan é a roxa e para a perua, o lilás metálico. Algumas versões contam ainda com acabamento imitando madeira pelo interior.

Tem um pouquinho a mais? Esqueça as BMW de 15 mil! O valor REAL de um BMW impecável dos anos 90 é em torno de 30 mil, não dá pra fazer milagre com metade disso. É comprar e se arrepender amargamente. Mas se você quer algo nesse mesmo nível dentro de um orçamento menor, já pensou por exemplo num Lexus? 

Lexus ES 300 1992: esportivo em forma de sedan familiar
Criado para concorrer com BMW, Mercedes Benz e Audi A6, o Lexus ES300 herdou todo o conjunto mecânico do Toyota Camry, que veio em boa quantidade para o Brasil, tornando ambos excelentes opções para o seu novo clássico. 

Em valores, um Lexus ES300 1992/94, o mais barato e também o mais procurado, é facilmente encontrado na faixa dos 17-20 mil, geralmente nas cores branca, preta, azul marinho ou champanhe.

Camry LE 2.2 16V 1998: sóbrio
Já os Camry mais procurados são os sedans na versão XLE V6 1992-1996 e os 1997/98, com design mais sóbrio; mas os supreendentes LE 2.2 já tem apresentado preços praticamente idênticos a versão XLE.  Itens como bancos em couro, acambamento interior em madeira e teto solar, além do aerofólio traseiro e frisos adesivos do XLE, são bastante requisitados.

Camry XLE 3.0 V6 1993
Para qualquer versão, variações de preço entre 10 e 15 mil para os modelos anteriores a 1996 e próximos a 18 mil, começando bem perto dos 12 mil, para os modelos 1997/98, sempre considerando carros em perfeitas condições. 

Na prática, acaba valendo o gosto pessoal, já que em termos de valores a diferença é mínima e pode ser ainda mais significativa para carros em estado imaculado, como os de exposição.

Veloz sim, mas sem ficar furioso!

Galant 1995 V6 3.0: hatch de respeito
O legado do esportivo Eclipse, imortalizado pelo inesquecível cupê verde na estréia do primeiro filme da franquia Velozes e Furiosos, foi recentemente ignorado pela Mitsubishi, ao usar o lendário nome em mais um SUV de shopping sem graça de tração dianteira. O resultado foi a valorização ainda maior do esportivo pelo mundo, e por aqui não foi diferente. Então, pra quem tem menos de 30 mil nem adianta pensar em Eclipse. Mas existem boas opções! 

Galant VR 1998
Se quiser mais espaço e conforto, além de um motor respeitável, vá de Galant. Não se pode contar com o caracol mágico das Eclipse GS-T, nem com a bela carroceria cupê, é verdade, mas ao menos a  motorização anima. 

O bom 4 cilindros é o mesmo 2.0 16V do esportivo, exceto pelo turbo, mas ainda assim com desempenho bastante satisfatório.
Galant LS 2.0 16V 1995
Os modelos entre 1994 e 98 são bem cotados, com boa facilidade de peças e manutenção a preços bem atraentes. 

Mas se der a sorte de achar uma versão VR 98 ou V6 95 por menos de 15 mil, abraçe! São as mais raras. Para  o V6 1995, a carroceria hatch é  mais procurada, e todos os hatch são V6. Fica a dica!


Vai um Sashimi?

Subaru Legacy 1995: ronco inconfundível
Pra quem gosta de Subaru, nossa sugestão é o Legacy, nas ótimas versões sedan e perua. 

Não se engane! De aparência familiar, o modelo pode virar um excepcional 'sleeper', ainda mais pelo maravilhoso ronco e potência bem razoável do excelente boxer 2.2 e, com câmbio mecânico, é encontrado facilmente por valores abaixo dos 12 mil para modelos entre 1995 a 1998, em diversas cores e padrões de acabamento. 
Outback 1996
A título de curiosidade, as versões com câmbio automático e a famosa tração integral não são tão difíceis de achar, mas situam-se acima dos 18 mil, com valorização expressiva, inclusive a ousada Outback, já na faixa próxima dos 22 mil, para unidades impecáveis e com a tração integral em pleno funcionamento. 
Legacy 1993: grandes possibilidades



Se quer algo ainda mais exclusivo, uma ótima opção são os modelos 1992/93, mais raros por aqui mas com muito boa fama, e muito mais em conta que os Impreza famosinhos de internet. 

Segundo os especialistas, essa série seria a mais valorizada pelos aficcionados da marca devido a motorização, supostamente  mais resistente a modificações. 

Shimeji?
Nissan e Mazda também tem carros interessantes, mas o único Nissan que vou mencionar é o Maxima por um único motivo: custo x benefício. Os demais modelos da marca custam o mesmo e oferecem bem menos. 

O Maxima ao menos tem o fabuloso motor VG30, o mesmo V6 usado até hoje pela Nissan, com pequenas modificações, desde 1988 e adorado pelos fãs da Nismo (divisão de carros especiais da Nissan). 

Maxima 30G 1995
Unidades do Nissan Maxima entre 1990 e 1999 são encontradas por valores entre 10 e 15 mil facilmente, em perfeitas condições e algumas com bons diferenciais, como bancos em couro bege nos modelos anteriores a 1995, ou painel em madeira nas versões 30G após 1994. 

Como curiosidade, os Maxima mais novos ainda tem preço muito atraente, embora acima dos 18 mil para modelos anteriores a 1999.

Mazda 626 2.0 16V 1995: praticamente um Ford Zetec
Para a Mazda, o 626 de 1992-97 é uma ótima escolha, em especial por compartilhar peças com os Ford Escort e Mondeo, o que facilita a vida de quem compra um. 

Em geral a versão mais comum é o conhecido sedan 2.0 16V com câmbio automático, mas é facil achar unidades com câmbio mecânico e com boas combinações de cores como o verde ou vinho, ambos com interior caramelo, por menos de 12 mil.  

Mazda 626 GT V6 1994
Mas o 626 mais atraente é mesmo o hatch GT V6, pouco mais cara, mas ainda dentro do nosso limite de 15 mil. Assim como no caso do Galant, da Mitsubishi, para o GT da Mazda, apenas carroceria hatch e todos os hatch são GT V6. Por um pouquinho mais, o MX3 pode aparecer.

Sim, existem mais japoneses que podem fazer feliz, mas não tão expressivos dentro de nossa faixa de análise. 

Se quiser saber mais sobre algum modelo específico, comente! No próximo artigo, a parte 3: de croissants a pastel de flango! Franceses e coreanos que prometem gratas surpresas. Não perca!

Nenhum comentário:

Postar um comentário