segunda-feira, 13 de abril de 2015

Falta de criatividade ou puro comodismo? Porquê a indústria automobilística não emociona mais.

Aqueles que hoje tem mais de 30 anos e são quase 'quarentões', como eu, com toda certeza se lembram de como os carros eram desejados quando éramos pequenos. 

Meninos e meninas se deliciavam olhando um modelo novo na rua e qualquer criança de 2 anos reconhecia e sabia facilmente quem era quem. 

A essa altura o amigo, ou amiga, pode se estar se perguntando: ''Por que este rompante saudosista''? 

indústria automobilística definitivamente perdeu a mão. Ao menos no que se refere ao mercado nacional. 

Assim, o texto de hoje é uma breve consideração sobre alguns dos carros considerados de luxo no mercado nacional atual. 

Tomemos como ponto de partida, aleatoriamente, a Nissan: em sua propaganda sobre o novo Sentra, a Nissan se jacta de ''criar'' algo novo. Será? Grade cromada, razoavelmente bonita, e faróis com faixa de led. É novo? 


Talvez novo no Sentra. Uma curva  mais pronunciada e 2 barras horizontais ao invés de 3 e um emblema VW e temos a grade do Jetta 2010. Curioso que o Jetta, atualmente reestilizado, disputa a mesma faixa de preços do Sentra. Interessante, não?

E os faróis com faixa de LED? Desde 1999 são encontrados em qualquer lojinha, disponíveis para todo tipo de veículo. E agora bem mais barato, por cerca de 10 reais o metro! Talvez por uma razão: o Sentra 'não tinha cara de tiozão'? Quem sabe seja uma tentativa de associar o carro a um consumidor mais jovem? E de gosto no mínimo questionável, convenhamos.

Mas a falta de criatividade não é mérito apenas da Nissan. Veja a nona geração do New Civic, lançada em 2012. A Honda já havia lançado o 'New' Civic em 2009. Mas o carro já era ''New'', então ela lança um 'New Civic novo'? É um NEW New Civic?

A sorte da Honda é que no Brasil qualquer produto minimamente bonitinho e ordinário vende facilmente, basta ter status para ostentar riculamente por ser 'carro novo'.
Tanto é que esse mesmo modelo do Civic foi massacrado pelo público norte americano, acostumado a produtos de qualidade muito superior. Pelo menos o carro ficou maior, mais bonito, apesar da traseira controversa, e é sem dúvida um produto que tem qualidade suficiente para agradar aos brasileiros. 

Mas o Oscar da preguiça de projetar vai para a Toyota. Sim, a montadora japonesa, ao que parece, foi bem malandra. Esperou a Honda lançar o 'novo' New Civic, aguardou o Sentra da Nissan, se inspirou na Citroen e... BINGO!  




O novo Corolla é, em síntese, um C4 Lounge com a cara do New Civic e as lanternas do novo Sentra! Juntaram tudo e fizeram Photoshop? 



Seja como for, a inegável semelhança perfil com o Citroen acaba por favorecer, e muito, o Toyota que, por extensão, tem um design satisfatório, agradável, nada a ver com os insossos modelos anteriores, 'sem sal' até mesmo na versão 'esportiva' XR-S. E é um produto de muito boa qualidade, seguindo a tradicional fama dos japoneses. Talvez daí ser o mais vendido da categoria, com milhares de unidades a frente daquele que, um dia, foi seu principal concorrente, o Civic.


Mas falando em franceses, o C4 Lounge tem dominado os últimos comparativos na mídia especializada, fruto de um projeto bem pensado e executado com maestria, de qualidade muito superior, bastante equilibrado e a frente de qualquer outro carro da categoria. E a  manutenção? Enterre aquela idéia de que 'carro francês quebra muito e é caro pra manter'. 

O C4 Lounge é a prova definitiva de que é possível fazer um carro lindo, bem acabado, espaçoso, confiável, com bom desempenho ao que se propõe e com preço competitivo. E ainda com nível de conforto e luxo bem acima da categoria. Acha exagero? Chegue perto de um Citroen, qualquer um, e repare, por exemplo, no alto nível da pintura. Se não notar a clara superioridade deles em relação as outras montadoras das duas uma: ou você não entende nada de carros ou não é comprador de um carro desses. Provavelmente é um dono de BMW, Cadillac, Jaguar ou qualquer outra coisa acima dos 200 mil ou até mais.  Tudo tem seu contraponto. O fato é que um Citroen, um Peugeot ou mesmo um Renault nunca se parece com outro carro. São diferentes, são bonitos, bem acabados, tem motor forte. E olha que eu não gosto de carros franceses, mas sejamos justos: os caras sabem desenhar carro! Aliás, eu tenho um Renault na família. Um Clio, 1.6 óbvio pois 1.0 nem para estacionar na porta e sim, o carro é bom. É tudo isso e até mais.

Mas engana-se quem acha que a falta de criatividade se tornou característica apenas dos asiáticos! Veja o exemplo da Volkswagem: durante décadas ela produziu verdadeiras lendas entre o público brasileiro, com modelos que tem legiões de fãs e proprietários orgulhosos falando de Gol, Santana e até Logus e Pointer que nem são 100% VW! 

Aí a vertente ''hi-tech'' da VW resolveu ''inovar'' e criou o que? Carros genéricos. Todos tem a mesma cara. E de repente você está numa rodovia e gentilmente vai para a direita achando que tem um Jetta te pedindo pessagem quando é ultrapassado por um Voyage 1.0 que sofrerá um infarto automotivo na primeira subida pois não tem motor para concluir a ladeira.

Próxima montadora? A que bate mais recordes no Brasil. A maior campeã de recall, a GM! Com tanta história e tradição a GM tem lançado um carro atrás do outro sem nem pensar no infeliz que compra um modelo como o finado Sonic e ve seu carro despencar de preço após 2 anos de produção e já sair de linha para dar lugar a outro mais feio ainda e mal acabado. E isso de uma empresa que produziu por aqui mitos como o Opala, Chevette, Monza, Omega e outros até o final da década de 1990 que se tornaram os queridinhos de quem realmente entende, de verdade, de carro.

Sua mais recente pérola: o Prisma é um sedan esportivo. Com motor 1.4 de 98 cavalos... Piadinha de péssimo gosto, hein GM?

Enquanto isso a concorrência fica cada vez melhor: veja os coreanos. Além de bonitos e inconfundíveis, seus carros tem bom preço e qualidade acima da média e isso já há algum tempo. E alguns, mesmo dividindo a mesma base como o Hyundai Elantra e o Kia Cerato, até se parecem, mas cada com sua personalidade. São tão diferentes quanto dois irmãos que, apesar de parecidos, um é discreto e comportado, o Cerato, e outro é descolado e moderninho, o Elantra.

Kia Cerato e Hyundai Elantra: mesma base e personalidades completamente distintas


Nota: antes do caráter informativo este texto visa a exposição de uma opinião pessoal, independente e sem qualquer proteção a uma ou outra marca específica. 

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